GRAMADO

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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Maitê Proença

                                         


O amor da minha vida eu encontrei, tem nome, é de carne e osso, e me ama


também.  Agora falta encontrar alguém com quem possa me relacionar. É que o


homem da minha vida não cabe em mim e eu não caibo nele. Não basta que a


gente se queira. Não basta nossos namoros, os rompimentos e a teimosia de


desejar mais daquilo que não há de ser. Não presta que ele me visite pra acabar


com as saudades e fuja correndo de pernas bambas e um bumbo no peito. Não


importa que eu esqueça meu nome depois, nem que me perca num oco, ou que


os sentimentos corram de ambos os lados, intensos e desarvorados. Não basta


que haja amor para se viver um amor. Eu e ele somos as cruzadas da idade


média, o Osama e o Tio Sam, o preto e o branco da apartheid, o falcão e o lobo,


o Feitiço de Áquila. Seus mistérios me perturbam e minha clareza o ofusca.


, mas quando eu falo vem, ele entende vai. Enquanto ele avista o mar eu olho pra


montanha. Quando um se sente em paz o outro quer a guerra. É preciso me


traduzir a cada centímetro do caminho enquanto ele explica que eu também não


entendi nada. Discordamos sobre o tempo, o tamanho das ondas, a cor da


cadeira. O desacerto é de lascar, e não há cama que resista a tantas


reconciliações - um dia a cama cai.
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