GRAMADO

GRAMADO

domingo, 19 de dezembro de 2010



    A OSTRA

Ela dormia tranqüila sob as águas,
Nada pedia,
Nada exigia,
Nem mesmo conhecia nada.
Até o dia em que a tiraram dali
E ela pôde ver o sol,
O céu,
Sentir calor.
Foi um instante apenas
Mas custou-lhe a vida.
O fundo do mar não será como outrora,
Traz na carne uma ferida, agora,
Que precisa ocultar.
E na luta insana contra o sofrimento,
No esforço ingente
De voltar a ser feliz,
Sobre a ferida faz nascer a pérola,
Muitos serão ricos,
Alguém será mais bela
E a pobre ostra oculta a cicatriz.
Ah! Se o coração também soubesse
Transformar em gema a dor que nele existe,
O mundo estaria cheio de tesouros
E eu não escreveria uma canção tão triste!

Myrtes Mathias

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