GRAMADO
domingo, 20 de março de 2011
Gente que se acha....
Na lista das coisas mais repulsivas que conheço estão as mariposas, baratas voadoras e gente que se acha. As duas primeiras já me fizeram trocar de desodorantes algumas vezes, mas com o tempo, simplesmente aceitei a ideia de que libero algum tipo de ferormônio, pois não importa quantas pessoas estejam presentes ou a vastidão do ambiente, elas sempre vem pra cima de mim. E não, não é psicológico.
Com o tempo fui me acostumando com essa desconfortável situação, a maturidade e a vida adulta me fizeram perceber que posso correr rápido o suficiente para que as mariposas desistam da sua sanguinolenta caçada e procurem por um alvo mais conveniente. Baratas voadoras? O que são míseras baratinhas voadoras… essas sim! Digo orgulhosamente que aprendi a enfrentá-las, nada como um felpudo edredom para proteger-se contra aqueles rasantes kamikaze e uma vassoura empunhada.
Depois destas dicas de sobrevivência você deve estar pensando o quanto esse artigo já valeu a leitura. Nada como compartilhar a sabedoria de quem aproxima-se dos trinta. Mas voltando ao tópico, ainda temos um terceiro item na lista, e para este não há receita pronta. Eles se apresentam em formas diversas demais para se elaborar uma vacina, foi assim que aprendi a simplesmente isolá-los. Pode ser aquele sujeito que acha que sabe mais que todo mundo e sempre está com o nariz meio empinadinho ou aquele cara que não sai da academia e injeta desde óleo de cozinha a esterco de porco na veia pra ficar bombadinho, como se alguma mulher de verdade – mais uma vez – DE VERDADE, gostasse do tipo donkey kong. Pode ser aquela garota que se sente a gostosona, e depois da mais ínfima dose de indiferença conclui que você é homossexual, afinal… que outra explicação haveria pra você não interessar-se por aquela pilha de insegurança e futilidade.
Odeio gente que se acha, odeio até o fato de odiá-las… queria que fosse simplesmente indiferença. Mas quando vejo alguém jogando lixo pela janela do carro, deixando as ruas parecidas com a merda que elas possuem na cabeça ou um filhinho de papai fazendo graça com o carro, expondo pessoas que nenhuma culpa têm por estes primeiros serem uns completos babacas, eu queria que eles simplesmente explodissem, nada menos. Talvez eu precise amadurecer muito ainda para ver com indiferença uma grosseria contra um garçom, um porteiro, um entregador enfim… pessoas que talvez não tenham tido as mesmas oportunidades que você, ou simplesmente acomodaram-se e nem por isso merecem ser tratadas como lixo simplesmente por você ser um idiota com síndrome do estrelismo.
Adoro gente simples, quem não está nem aí sabe… amo o despojado. Acho lindo mulher assanhada, digo, literalmente assanhada. Adoro aquela foto com parte do rosto encoberto por uma mexa de cabelo que a brisa cuidadosamente reposicionou. O cigarro, com todos os seus males, ainda me serve de desculpa para pedir um fogo àquele senhor com cara de matuto e puxar uma longa conversa na rua, ignoro solenemente o isqueiro em meu bolso em troca de uma prosa descomprometida. Gente humilde sempre tem algo novo a me ensinar.
Amo pessoas imprevisíveis, adoro aquela sensação de não saber o que vem depois… então agarro uma estátua de bronze pelos seios e não me importo com o que vão pensar, porque a vida é muito curta para este tipo de distração… então seja bobo, seja surpreendente, seja até mesmo errado, mas não seja um babaca.
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